quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Normas do Terreiro


Conforme o tempo vai passando, algumas coisas tendem a se perder por nossa memória; porém, existem determinadas significações que jamais devem ser esquecidas, já que consistem em ações básicas de nosso quotidiano, e o ao se perderem poderiam até mesmo fazer com que você não compreendesse o verdadeiro sentido de alguns fatos que fazem parte do nosso dia a dia.
O esquecimento ao qual nos referimos acontece por causa do que costumamos chamar de “rotina”, pois quando passamos a fazer algo com muita constância, este passa a crescer dentro de nós, evoluindo os seus ensinamentos, e nos levando ao conseqüente encobrimento daqueles que foram os ensinamentos básicos, as raízes que nos sustentaram até então.
Por isso agora, relembremos algo que vem lá do inicio da Umbanda que conhecemos, os significados dos principais rituais que nela se realizam contidas numa única Gira, e que por acontecerem tão freqüentemente, são facilmente desapercebidas.
TEMPLO
Local onde Zelador de Santo (Pai espiritual) ou Yalorixá, filhos, irmãos e simpatizantes, entra em comunhão com Deus Criador, com os Orixás e com os mentores espirituais. É Nesse solo sagrado que recebemos; doamos e principalmente aprendemos a Amar, Perdoar, resgatar, ajudar ao próximo, sem distinção de cor, condições sociais.
Que todos respeitem esse solo, zelando pela limpeza, não só no aspecto material, mas também no aspecto moral e espiritual, pois só assim conseguiremos estar mais próximo de Oxalá.
Zelador de Santo ou Yalorixá (Pai/Mãe Espiritual)
Babalaô ou Yalorixá são os responsáveis pelos filhos, o templo, cuidar dos Orixás, fazendo as firmezas do terreiro e cuidar da coroa de cada um que foi entregue a eles por confiança.
Somos nós quem cuidamos da coordenação de todo o trabalho para que os mesmos não tenham problemas observando tudo ao seu redor, e que muitas vezes fato do tempo para dar atenção a todos os filhos, ficando a cargo dos Pais Pequenos o desenvolvimento Mediúnico ajuda e auxilio aos Médiuns quanto da incorporação e desincorporação, não esqueçamos que o Babalaô é Pai, amigo, conselheiro, aquele a quem confiamos a espiritualidade, que dispõe do seu tempo, às vezes da família para que cada filho cresça, não esqueçamos que na figura do Babalaô e Pais pequenos existe seres humanos que também tem seus problemas e suas vidas, então meus filhos, meus irmãos vamos respeitar essas pessoas que se doam para o nosso bem estar, é o mínimo que devemos fazer.

A Preparação para a Gira

Quando sabemos que em determinado dia ocorrerá uma Gira,  os filhos-de-santo devemos tomar algumas providências que com toda a certeza nos ajudarão a se preparar para ela.
*  Em primeiro lugar, a abstinência de bebidas alcoólica é obrigatória. Nunca devemos ir a uma Gira dedicada a Deus e aos Orixás com sequer uma dose de qualquer bebida que seja, isso porque tal ato poderá acarretar problemas sérios ao médium, que terá alguns dos seus sentidos alterados e não poderá entregar-se por completo ao Pai, além de ser um desrespeito à ele próprio.
* A carne vermelha deve ser evitada, pois lhe são contidas certas energias que podem interferir no organismo do médium, seja ele de incorporação ou não, dificultando assim o fluxo de energia positiva da corrente e o reabastecimento de suas “baterias divinas”.
* Quanto à abstinência sexual, ela deve ser efetuada, não pelo sexo ser impuro como todos pensam, mas sim porque o ato ocorrido consome grande parte da energia corporal, misturando-se través do ato propriamente dito debilitando o corpo do Médium que não poderá ser utilizado na sua plenitude magísticamente e  devido ao cansaço existente.
* Por ultimo lugar citamos o banho de defesa ou descarrego como se costuma chamar, e que pode ser feito com cinco, sete ou nove Ervas Sagradas, ou o próprio sal grosso.
Este banho tem o poder de limpar e defender o corpo de qualquer negatividade que possa nele existir, dando-lhe melhores condições para desempenhar o seu papel nas Giras. Porém vale o lembrete de que o banho de defesa só é tomado após o banho comum, sendo lavada somente à parte de abaixo do pescoço (pois a cabeça pertence ao Santo de cada um), e deverá ser levemente enxuto deixando com que o restante se seque no próprio corpo.
Para complementar essa preparação, deve também acender uma luz ao nosso anjo-de-guarda, pedindo a sua proteção para que tenhamos condições de nos entregar totalmente à Caridade.

    1. A chegada ao Templo
Os dias que intermediam as Giras realmente demoram a passar, e ao se rever às pessoas que tanto gostamos surge àquela vontade de colocar todos os assuntos em dia. Isso de modo algum é proibido desde que seja feita antes do ato de bater-cabeça e acontecer fora das dependências internas do templo, pois dentro deste deve-se guardar o silêncio em respeito a Oxalá, e aos Guias e Orixás que ali aguardando o inicio da Gira.

2. Hora de se Entregar a Oxalá

    Depois de colocar a roupa branca, chega a hora de entregar-se ao Pai e realizar todos os rituais necessários a nossa segura permanência dentro da Gira.
Dentre esses rituais, o primeiro é o de bater-cabeça, onde nos entregamos a Oxalá com o verdadeiro intuito de se realizar a caridade com muita seriedade e consciência do ato que se praticará, e o qual nunca devemos nos esquecer.

3. Abertura dos trabalhos

Ao iniciar os trabalhos, já devemos estar totalmente imbuídos no sentido de entrega plena aos entes espirituais, de modo que à vontade de Oxalá seja feita e possamos mais uma vez cumprir nossa obrigação.
Para que fortificamos este sentimento, se faz necessário que a prece de abertura seja sentida verdadeiramente, e não somente recitada. Temos realmente que nos fazer ouvir por Oxalá para que este esteja presente durante toda a Gira, nos ajudando a recarregar a energia gasta durante toda uma semana.
O mesmo é dito ao se bater-cabeça. Muitos não conhecem o significado deste ato, que além de transparecer o nosso respeito a nossa humildade aos Orixás, também é a demonstração da união e coletividade que são fatores essenciais a qualquer templo que trabalhe em prol da Caridade.

   4. Defumação
A firmeza de cada integrante da corrente de faz extremamente necessária nessa hora, pois é ai que toda a negatividade que possa haver se imiscuído dentre a corrente será varrida para fora do Templo, de modo que não possa interferir no perfeito fluxo da Gira. Porem, se os Médiuns não se mantiverem mentalmente firmes no propósito de bani-las, essas forças negativas poderão oferecer maior resistência e até permanecer entre a corrente, podendo atrapalhar assim aos rituais que se procederão.
    5. Chamando os Guias
Esse é o momento que compõe a essência básica de todos os rituais que o antecederam. É o momento em que os médiuns devem se dispor realmente à Caridade, em amor aos seus Guias e entregando-se a eles de forma que possam vir trabalhar e ajudar a si e aos que deles necessitam.
Mas são muitas às vezes em que somos perturbados por algumas dores ou determinados problemas, e já achamos que não temos condições de deixá-los vir. Bem, esse julgamento é um julgamento que cabe somente a Oxalá, que foi a quem você se entregou quando bateu-cabeça, e aos seus próprios Guias que sabem de suas condições, e não viriam se estas lhe faltassem.
Portanto, não ligamos o nosso Piloto Automático, e deixemos que os desígnios divinos cuidem de nós, pois DEUS sabe o que faz, e cabe-nos somente à parte de nos entregarmos de coração, e nos desligar de tudo o que acontece fora dali.
E quanto aos Médiuns que ainda não incorporam, que não incorporaram naquela Gira ou fizeram sua opção pela não incorporação, não pensem que foram esquecidos, pois cada um, dentro da sua função, seja de cambono, curimbeiro, pai ou mãe pequeno, são de essencial importância, pois sem vocês os Guias não teriam condições de trabalhar. Portanto, estes devem manter em silencio e se dispor em ajudar naquilo que for preciso, e assim também estarão contribuindo para a pratica da Caridade.
 “Irmão de fé – Amar a “Deus” sobre todas as coisas e ao teu irmão como a ti mesmo”
Seres humanos imperfeitos que somos costumamos sempre ver e perguntar o porquê de nossos problemas, a falta do perdão e do amor ao próximo são as principais causas deles, aquele que não consegue perdoar amarra-se ao outro por um cordão que não se quebra nunca, ficando ligados um ao outro por toda uma vida, aumentando nossas limitações. Antes de julgarmos aos outros devemos também nos questionar quanto a nossa conduta, para também não sermos julgados, antes de darmos nossos julgamentos, vamos nos colocar na vez daquela pessoa para sabermos se gostaríamos de saber que estão falando de nós, vamos nos vigiar para não cometermos com os outros aquilo que não gostaríamos para nós.
Só quando alcançamos o perdão verdadeiro, aquele que vem do coração é que crescemos tanto espiritualmente quanto materialmente, deixemos de ser mentirosos, hipócritas ou vaidosos, vamos estender nossos braços aqueles a quem precisam e deixarmos o egoísmo de lado. A vaidade pode acabar com a própria espiritualidade do médium e quando ela aparece nunca vem sozinha, vem sempre acompanhada da inveja e desilusão, lembremos sempre meus filhos, nós somos os únicos donos da nossa derrota, para combatermos esses maus que nos acompanham, devemos sempre praticar a caridade sem sair pelo mundo dizendo daquilo que fez, e adotarmos Oxalá em nossos corações.
Nós irmãos de fé, devemos nos respeitar sempre como seres humanos, maridos, esposas, filhos para que a amizade perpetue sempre dentro do nosso terreiro. A intriga, inveja, a desavença e a preguiça não faz parte da nossa querida Umbanda nem da nossa Casa, esta religião que não faz restrição a nenhum ser encarnado ou desencarnado.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os Caboclos de Umbanda


Os caboclos na Umbanda são índios e seus descendentes (mestiços, filhos de índios c/ brancos); que no plano astral optaram por uma nova forma de religiosa, mas também pelos serviços assistenciais na superficie terrestre.
Repentinamente os médiuns envolvidos pela energia de dezenas de Guias e caboblos que gritam, batem forte no peito em sinal de presença e reconhecimento da aldeia física onde são determinados à trabalhar. Cumprimentam primeiramente o gongá, depois o guia-chefe do terreiro, e os ogãs. Andam de lá para cá com passos rápidos e firmes, dançam e depois desejam ir para o seu costumeiro lugar no terreiro; onde os cambônos os atendem com charutos e bebidas, ou simplesmente os abraçam, certos de que os conhecem pelos gestos particularesde cada espírito ali incorporado.
A forma de cumprimento dos caboclos é dando um abraço; batem com firmeza ombro no ombro dos visitantes, o direito no esquerdo e o esquerdo no direito.
Os médiuns quando em transe tornam-se aparentemente virís e seguros de sí; arrogantes embora prestativos. Inicialmente são desconfiados, depois de algum tempo de conversa dão apoio e protegem ao consulente naquilo que acham direito, justo e passível de atendimento.
Seus pontos cantados sempre nos reporta a vida nos rios, nas matas e nas caçadas. Os animais, as estrelas, as cachoeiras. as matas e suas ervas milagrosas, e também falam de sua valentia.
Existem mais de trezentos pontos cantados, sendo que alguns são chamados de "Pontos de Raiz": pontos que trazidos pelas próprias entidades.
Os caboclos de Oxossi geralmente tem o costume de assobiar e o estalar os dedos é muito comum entre eles, e tem a finalidade de de renovar energia. Okê bambi o clima!!!

" A mata tava enfeitada, tava toda em flôr
de acássias perfumadas Oxossi
em seu louvor (bis)
Juriti piou,
piou, piou, Juriti piou
salve Oxossi o Rei da Mata
e a Rainha é a Jurema!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Caboclo Boiadeiro

Os Boiadeiros são espíritos de pessoas que em vida foram vaqueiros ou peões e com o manejo do gado tinham ligação. São amplamente evocados pelo plano espiritual para a descarga pesada do templo, de seus médiuns e seguidores. Normalmente apresentam-se como os Caboclos e são muito autoritários.
É uma linha de trabalhadores extremamente poderosa contra as demandas espirituais, são trabalhadores de grande força e também não andam sozinhos.
Em seus pontos cantados, sempre de boa rima, está sempre a figura do boi e do cavalo. Simbolicamente o boi representa a situação sobre a qual não se pode perder o controle. Nas descargas espirituais afastam obsessores os quais são sempre amarrados fluidicamente e em seguida afastados do templo.
Os Cablocos Boiadeiros chegam nos terreiros de Umbanda e de Candomblé, vem com o pé calçado e outro no chão, com seu chapéu de couro e seu chicote do lado, eles trazem alegria dando seu lindo brado.
O Caboclo Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois.Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel de abelha, que eles chamam de meladinha, seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo. Ao amanhecer o dia, o Boiadeiro arruma seu cavalo e leva seu gado para o pasto, somente volta com o cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas toca seu berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que fica na janela do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitem a mistura de empregados com a patroa, foi este um dos grandes motivos de morte dos tocadores de gado.
Devemos levar nas obrigações de Boiadeiro um pedaço de pano vermelho, para representar o lenço do pescoço, um pedaço de corda virgem. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com farofa de torresmo e é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo e cigarro de palha.
Dentre muitos Boiadeiros, citamos: Boiadeiro na Jurema, Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Navizala, Boiadeiro de Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro e Boiadeiro do Chapadão, etc ...
Sua saudação: "Xetro Marrumbaxêtro", "Minakêto Navizála"
     Ya Vanessa Tì Jagun

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CALENDÁRIO DAS FESTIVIDADES DA CASA PARA O ANO DE 2011

JANEIRO:
20/01 – OFERENDA AOS CABOCLOS

FEVEREIRO:

02/02 - OFERENDA A YEMANJÁ
19/02 – TRABALHO PARA PROTEÇÃO DE CARNAVAL (Somente para médiuns)

MARÇO:
12/03 – RITUAL DE CACHOEIRAS, LAVAGEM DAS GUIAS; BATIZADOS

ABRIL:
23/03 – OFERENDA E HOMENAGEM À OGUM

MAIO:
14/05 – OFERENDA E HOMENAGEM AOS PRETOS-VELHOS
28/05 – OFERENDA E HOMENAGEM À SANTA SARA

JUNHO:
11/06 – OFERENDA AOS EXÚS
25/06 – OFERENDA À XANGÔ

JULHO:
25/07 – OFERENDA À NANÃ

AGOSTO:
13/08 – OFERENDA À YEMANJÁ
15/08 – O GRANDE BANQUETE DO REI OBLUAIÊ

SETEMBRO:
26/09 – OFERENDA ÀS CRIANÇAS

OUTUBRO:
12/10 – OFERENDA AOS CIGANOS
22/10 – RITUAL DE FORTALECIMENTTO (somente para médiuns)


NOVEMBRO:
02/11 – HOMENAGEM AO SEU ZÉ BOÊMIO
15/11 – COMEMORAÇÃO DE 104 ANOS DE UMBANDA
19/11 – HOMENAGEM À DONA MARIA PADILHA

DEZEMBRO:
03/12 – OFERENDA E HOMENAGEM À OXUM E YANSÃ

10/12 - TRABALHOS DE LIMPEZA
17/12 – ENTREGA DE OFERENDAS E ENCERRAMENTO NA PRAIA